segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

De volta a Jerusalém



Embora a distância que separa China e Jerusalém seja enorme, um dos fatos
notáveis da história é que há uma estrada ligando a Terra Santa e meu país, construída
há mais de dois milénios.
Alguns registros antigos até indicam que talvez o evangelho tenha chegado à
China por essa estrada poucas décadas após a morte e ressurreição de Jesus. Há sete
séculos, o famoso explorador Marco Polo percorreu o mesmo caminho. Por essa rota
entravam e saíam da China especiarias, tesouros, novas religiões e exércitos invasores.
Na outra extremidade, Jerusalém funcionava como centro distribuidor dos produtos para
a Europa, Norte da África e Oriente Médio.
A aristocracia européia ficou maravilhada quando descobriu e importou a criatura
mais fantástica da China - o bicho-da-seda - que deu nome à estrada acidentada - conhecida
popularmente como Rota da Seda.
Hoje, as nações que a Rota da Seda atravessa são as mais carentes do evangelho
em todo o mundo. As três maiores fortalezas religiosas que se recusam a ceder ao
avanço da mensagem de Jesus - islamismo, budismo e hinduísmo -têm seu centro ali.
Mais de 90% dos grupos não-alcançados do mundo vivem ao longo da Rota da Seda e
nas nações que cercam a China. Dois bilhões dos habitantes da Terra vivem e morrem
nessa região, desconhecendo por completo as boas-novas de que Jesus morreu pelos
pecados deles e é o único caminho para o céu!
Na década de 1920, Deus levantou um grupo chamado "Família de Jesus" para
levar o evangelho a pé, da China a Jerusalém. Deram a essa iniciativa o nome de "Volta
a Jerusalém". Outros grupos chineses receberam visão semelhante e iniciaram
movimentos missionários que causariam impacto em muitas nações da Ásia e do
Oriente Médio.
A Família de Jesus foi fundada em 1921, na Província de Shandong, por um
cristão chamado Jing Dianying. Os membros do grupo acreditavam que deviam vender
tudo que possuíam e distribuir seus bens aos outros membros. O slogan de cinco
palavras resumia o compromisso com Cristo e a opção pela vida simples: "Sacrifício,
renúncia, pobreza, sofrimento, morte".
Tinham como alvo vilas e povoados. Iam de um lugar a outro a pé, pregando o
evangelho pelo caminho. O exemplo de vida comunitária e amor cristão profundo
impressionava quem os via. Atraíam os que buscavam respostas para a vida e também
os desabrigados, miseráveis e
desprezados. Muitos cegos e mendigos se uniram à Família de Jesus e
encontraram a vida eterna em Cristo.
A Família de Jesus continuou a crescer e enfrentou grandes sofrimentos. Muitas
vezes, quando a comunidade itinerante chegava a uma localidade, a população se aproximava
para agredi-los, humilhá-los e zombar deles. Entretanto a oposição não os
deteve, e toda vez que pregavam o evangelho algumas pessoas abandonavam tudo para
seguir Jesus.
No fim da década de 1940 havia cerca de 20.000 crentes chineses envolvidos em
mais de 100 grupos de Famílias de Jesus espalhados pela China.
Muitos grupos acreditavam que Deus os chamara para levar o evangelho de volta
a Jerusalém a pé, pregando e estabelecendo o reino de Deus por todo o caminho. Depois
de milhares de quilômetros e de muitos anos de viagens, pregadores fiéis alcançaram a
cidade fronteiriça de Kashgar, na região de Xinjiang, no noroeste da China.
*****
No outono de 1995, eu estava pregando em uma igreja doméstica no centro da
China. O Senhor colocara em mim o desejo profundo de participar de seu plano para
enviar missionários chineses aos países hinduístas, budistas e muçulmanos. Encorajei os
crentes a buscarem em Deus uma visão que abrangesse todo o mundo. Desafiei-os a
prosseguir com o ministério que realizavam, e a ir além e abrir os horizontes para
incluir as nações não-alcançadas que cercam a China.
Com lágrimas nos olhos, entoei uma canção que havia aprendido em um livro
antigo sobre o Movimento Volta a Jerusalém:
Levante os olhos para o Oeste,
Não há obreiros para a grande seara.
O coração do meu Senhor sofre todo dia.
Ele pergunta: "Quem irá por mim?"
Com os olhos cheios de lágrimas
E sangue espalhado pelo peito,
Levantemos o pendão de Cristo
E resgataremos as ovelhas que perecem!
Nos últimos dias a batalha se aproxima,
E a trombeta já soou.
Vistamos logo toda a armadura de Deus
E avancemos contra as ciladas de satanás!
A morte bate à porta de muitos,
E o pecado domina o mundo.
Trabalhemos com fidelidade enquanto avançamos,
Lutando mesmo que morramos!
Com esperança e fé marcharemos,
Dedicando nossa família e tudo que temos.
Tomemos nossa cruz pesada enquanto
Marchamos rumo a Jerusalém!
Enquanto cantava, reparei que havia na congregação um senhor idoso
visivelmente emocionado. Chorava tanto que mal conseguia se controlar. Eu não tinha a
menor idéia de quem era ele, e pensei que minha pregação deveria ter sido muito
poderosa, para levar a uma reação daquelas! Esse irmão, coroado por cabelo e barba
brancos, caminhou devagar até a frente do recinto e pediu a palavra. Um silêncio
respeitoso tomou conta da audiência.
Ele contou:
- Sou Simon Zao, servo do Senhor. Há quarenta e oito anos escrevi, com meus
companheiros, as palavras que você acabou de cantar. Todos eles foram martirizados
por causa do nome de Jesus.
Ele prosseguiu:
- Eu era um dos líderes do Grupo Volta a Jerusalém. Marchamos a pé por toda a
China, proclamando o evangelho em cada vila e povoado que encontramos. Finalmente,
em 1948, depois de muitos anos de lutas, alcançamos a cidade de Kashgar, que fica na
fronteira do país, na Província de Xinjiang. Paramos um pouco para pedir visto para
entrar na União Soviética. Estávamos nervosos e empolgados com a perspectiva do que
nos esperava!
- Antes de conseguirmos sair da China, continuou ele, o exército comunista
liderado por Mao assumiu o controle de Xinjiang, fechou imediatamente as fronteiras e
implantou o governo de opressão armada. Todos os líderes do nosso movimento foram
presos; cinco deles, condenados a 45 anos de prisão com trabalhos forçados. Todos os
outros morreram na cadeia, há muitos anos. Só eu sobrevivi. Em 1988, fui solto, cinco
anos antes do fim da pena. Passei 40 anos preso por amor à visão de levar o evangelho
de volta a Jerusalém.
Ficamos todos atônitos. Olhamos para ele de boca aberta enquanto as lágrimas
corriam por nossos rostos e pingavam no chão.
Perguntei a Simon Zao, o homem de Deus:
- Tio, o senhor poderia nos contar mais? Ele continuou:
- Quando o Senhor nos chamou para essa visão, fazia apenas quatro meses que eu
me casara. Minha linda esposa acabara de descobrir que estava grávida! Ela também foi
presa. A vida na cadeia era muito difícil, e ela sofreu um aborto.
Ele enxugou as lágrimas antes de prosseguir:
- Nesse tempo, os comunistas mataram muitos missionários e cristãos convertidos
pelo trabalho deles. Nos primeiros meses de cadeia, ainda em 1948, vi minha amada
esposa de longe duas vezes, através das barras de ferro da janela. Nunca mais a vi.
Quando saí da cadeia, 40 anos depois, minha preciosa esposa já havia morrido muito
tempo antes.
Nesse momento, chorávamos alto. Sentíamos que estávamos em terreno santo, na
presença do Senhor. Perguntei ao Tio Simon:
- Quando o senhor foi solto, em 1988, ainda tinha em seu coração essa visão da
volta a Jerusalém?
Ele respondeu com uma canção:
Há quantos anos o vento cortante sopra?
Há quanto tempo as nuvens carregadas se juntaram?
Não víamos, através da chuva torrencial, o altar de Deus;
O altar de Deus, onde ele aceita nossos sacrifícios.
Os líderes de Deus choram com coração partido,
As ovelhas de Jeová se espalharam por toda parte,
Lágrimas de tristeza de juntam sob o vento gelado.
Aonde foste, Bom Pastor?
Aonde fostes, soldados de Deus?
Aonde fostes? Oh, aonde fostes?
Depois que o Tio Zao descansou um pouco, voltei a perguntar-lhe:
- Tio, a visão continua em seu coração? Ele prosseguiu com a música:
Jerusalém está em meus sonhos.
Jerusalém está em minhas lágrimas.
Procurei por ti e te encontrei no fogo do altar.
Procurei por ti e te encontrei nas mãos feridas de Jesus.
Vagamos através de vales de lágrimas.
Vagamos rumo ao nosso lar celeste.
Após passar quarenta anos no vale da morte,
Minhas lágrimas secaram.
Jesus veio para destruir as cadeias da morte.
Veio para abrir o caminho para a glória!
Os primeiros missionários derramaram lágrimas e sangue por nós.
Vamos nos apressar para cumprir a promessa de Deus!
Ele falou, com voz entrecortada:
- Toda noite, durante os 40 anos que passei no campo de trabalhos forçados, eu me
virava para o Oeste, na direção de Jerusalém, e clamava ao Senhor: "Ó Deus, jamais
conseguirei ir até Jerusalém a pé. Nossa visão pereceu. Pai celestial, peço que levantes
uma nova geração de cristãos chineses dispostos a entregar a vida para levar o
evangelho de volta ao lugar de onde ele partiu, Jerusalém".
Segurei a mão dele e afirmei:
- A visão que Deus lhe deu não está morta! Nós a levaremos adiante!
Com isso, consolamos o coração do Tio Zao. Ele se levantou, abençoou-nos
estendendo suas mãos santas e nos encorajou com Lucas 24.46-48: "Assim está escrito
que o Cristo havia de padecer e ressuscitar dentre os mortos no terceiro dia e que em seu
nome se pregasse arrependimento para remissão de pecados a todas as nações,
começando de Jerusalém. Vós sois testemunhas destas coisas".
Em seguida nos exortou:
- Vocês precisam entender que o caminho da cruz é o chamado para derramar
sangue. Vocês têm de levar o evangelho de Jesus Cristo aos países muçulmanos e por
todo o caminho que leva até Jerusalém. Voltem os olhos para o Oeste!
Essa reunião foi um marco de mudança em minha vida. Senti que Deus havia
passado a tocha das mãos desse amado senhor para as das igrejas domésticas, colocando
sobre nós a responsabilidade de completar a visão.
O Senhor já havia colocado a visão do Movimento Volta a Jerusalém em meu
coração. Contudo, depois de conhecer Simon Zao, ela se tornou o principal foco da
minha vida. Entendi com toda clareza que o destino das igrejas domésticas da China é
derrubar os últimos gigantes espirituais deste mundo - o budismo, o islamismo e o
hinduísmo - e proclamar o evangelho glorioso a todas as nações antes da segunda vinda
do Senhor Jesus Cristo!
E preciso deixar claro que, quando falamos sobre "Volta a Jerusalém", nosso alvo
principal não é chegar a essa cidade. Não pretendemos apenas organizar um grande congresso
lá! Jerusalém foi o ponto de partida do evangelho há dois mil anos, e acreditamos
que este vai percorrer o mundo todo e voltar ao ponto onde começou. Nosso alvo não é
evangelizar somente a cidade de Jerusalém, mas sim pregar aos milhares de grupos de
povos, cidades e vilas não-alcançados que ficam entre a China e Jerusalém.
Hoje essa visão é o alvo principal de todos os líderes que compõem a Comunidade
Sinim. Não é um projeto entre muitos outros. É a motivação e o foco de todas as nossas
atividades. Conversamos sobre isso no café da manhã, no almoço e no jantar. Oramos
sem cessar, pedindo a Deus que levante obreiros e remova obstáculos. E quando dormimos,
a visão está em nossos sonhos.
Há alguns anos, os líderes da Sinim oraram sobre seu envolvimento com o
Movimento Volta a Jerusalém. Depois nos reunimos e cada rede de igrejas domésticas
revelou quantos missionários se comprometia a treinar e enviar para o campo. Fizemos
o levantamento e descobrimos que o total era de cem mil. Isso significa que
pretendemos enviar cem mil missionários para fora da China nos próximos anos!
Um exame histórico mais atento mostra que, na verdade, saíam três "rotas da
seda" da China. Uma começando em Xian e se dirigindo para a Ásia Central e o coração
do mundo islâmico. É a mais conhecida. A segunda rota de comércio passava pelo Tibet,
cruzava o Himalaia e chegava ao Butão e Nepal. De lá, seguia para o Paquistão, o
Afeganistão e o Irã, juntando-se então à estrada principal para Jerusalém. A terceira rota
atravessava o sudoeste da China, onde vive atualmente a maioria dos grupos nãoalcançados.
Seguia para o Sul, passava pelo Vietnã e depois ia para o Oeste, cruzando
países como Laos, Camboja, Tailândia, Mianmar (ex-Birmâ-nia) e índia. Essa rota
penetrava fundo no coração dos mundos budista e hinduísta de hoje.
Depois de analisar esses fatos, os líderes da igreja entenderam que Deus nos
chamara para seguir nas três direções com o evangelho. O Espírito Santo já havia
chamado determinadas redes para focar áreas específicas. Por exemplo, uma rede tinha
muitas famílias de missionários na região do Tibet. Então, era natural que dirigisse seus
esforços para o mundo tibetano budista. Outra sentia, havia vários anos, um peso para
alcançar grupos minoritários no sudoeste da China. A maior parte dessas tribos se
espalha pelas fronteiras e penetra em países como Vietnã, Laos, Tailândia e Mianmar
(ex-Birmânia). Essa rede assumiu a responsabilidade de levar o evangelho de volta a
Jerusalém pela via que fica ao Sul.
Sabemos muito bem que essas nações não querem receber o evangelho! Temos
plena consciência de que países como Afeganistão, Irã e Arábia Saudita jamais
receberão os pregadores de braços abertos!
Entendemos também que os missionários, antes de ser enviados, precisam
aprender a língua e a cultura e, quando partirem, necessitam de apoio para conseguir
lutar pelo Senhor com a maior eficiência possível. Há hoje centenas de cristãos na
China aprendendo línguas estrangeiras, como árabe e inglês, preparando-se para o
serviço missionário fora do país.
Descobrimos também que os últimos 30 anos de sofrimento, perseguição e tortura
que as igrejas domésticas enfrentaram na China foram parte do treinamento de Deus.
Ele nos preparou perfeitamente para irmos como missionários aos mundos muçulmano,
budista e hinduísta.
Certa vez, preguei em uma igreja no Ocidente, e um cristão me disse:
"Faz muitos anos que oro para que o governo comunista na China caia, para os
cristãos poderem viver em liberdade."
Não é assim que oramos! Nunca oramos contra nosso governo nem lançamos
maldições contra ele. Pelo contrário, aprendemos que Deus controla tanto a nossa vida
como também o governo que está acima de nós. Isaías profetizou sobre Jesus: "O
governo está sobre os seus ombros" (Is 9.6).
Deus tem usado o governo chinês para seus propósitos, formando e moldando
seus filhos do jeito que acha melhor. Em vez de focar as orações contra o sistema
político, pedimos que, a despeito do que acontecer conosco, estejamos sempre
agradando a Deus.
Não ore pelo fim da perseguição! Não devemos pedir carga mais leve, e sim
costas mais fortes! Então o mundo verá que Deus está conosco, capacitando-nos para
viver de uma forma que reflita seu amor e seu poder.
Essa é a verdadeira liberdade!
Os países muçulmanos, budistas e hinduístas têm muito pouco a fazer contra nós
que já não tenhamos experimentado na China. A maior ameaça é nos matarem, mas isso
significa apenas que seremos elevdos à presença gloriosa do Senhor por toda a
eternidade!
O Movimento Volta a Jerusalém não é um exército com armas humanas, nem um
grupo de profissionais espertos e bem-vestidos. E um exército de homens e mulheres
chineses de coração quebrantado que Deus purificou com fogo poderoso e que já
sobreviveram a anos de lutas e privações por amor ao evangelho. Em termos deste
mundo, não têm nada e parecem simples demais, mas na esfera espiritual são poderosos
guerreiros de Jesus Cristo! Agradecemos a Deus, pois ele "escolheu as coisas loucas do
mundo para envergonhar as sábias e escolheu as coisas fracas do mundo para
envergonhar as fortes; e Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas,
e aquelas que não são, para reduzir a nada as que são; a fim de que ninguém se
vanglorie na presença de Deus" (1 Co 1.27-29).
Deus chamou milhares de guerreiros das igrejas domésticas para escreverem seu
testemunho com sangue. Atravessaremos as fronteiras da China e levaremos a Palavra
de Deus ao mundo muçulmano, budista e hinduísta. Milhares estarão prontos para
morrer pelo Senhor. Eles verão milhares de almas salvas e também despertarão muitas
igrejas ocidentais adormecidas.
Centenas de missionários ocidentais derramaram seu sangue no solo chinês no
passado. O exemplo deles nos inspirou, e estamos prontos a morrer pelo Senhor em
qualquer lugar aonde ele nos levar para pregarmos sua mensagem. Muitos dos nossos
missionários serão capturados, torturados ou martirizados por amor ao evangelho, mas
isso não nos deterá.
Nos últimos 30 anos, Deus não apenas tem nos refinado no fogo da aflição, mas
também tem aperfeiçoado nossos métodos de trabalho. Por exemplo, somos totalmente
comprometidos com o estabelecimento de grupos de crentes que se reúnem em lares.
Não temos o menor interesse em construir edifícios para abrigar igrejas! O sistema que
adotamos facilita a propagação rápida do evangelho, atrapalha a polícia e permite que
dediquemos todos os recursos diretamente ao ministério de pregação do evangelho.
Há quem conteste nossa decisão de enviarmos missionários para fora da China.
Dizem que deveríamos conquistar nosso país antes de pensar nos outros. É um
argumento ilógico, e respondo a ele com uma pergunta simples:
"Então, por que seu país envia missionários? Todo mundo lá já é salvo?"
Se permanecermos em um só lugar e nos recusarmos a avançar até terminar
totalmente o trabalho, jamais conseguiremos impactar o mundo com o evangelho. Com
certeza, a vontade de Deus é que conquistemos nossa casa e ao mesmo tempo enviemos
novos obreiros até os confins da Terra! Nossa visão para alcançar o mundo não é um
indício de que vamos parar ou diminuir o esforço para ganhar toda a China para o
evangelho!
As duas ações caminham lado a lado.
Na verdade, creio que o melhor caminho para a igreja chinesa permanecer forte é
continuar motivada para alcançar as nações do mundo. Quando os crentes pensam em
servir ao Senhor e alcançar os perdidos, ele os abençoa e a igreja continua forte. Se nos
voltamos para nós mesmos e começamos a criticar um ao outro, Satanás vence, e a igreja
se torna uma ferramenta cega e inútil.
Desde o início, sabemos que há um preço alto a pagar por esse Movimento Volta a
Jerusalém. E não estou falando de dinheiro! Refiro-me aos muitos chineses que serão
martirizados e sofrerão à medida que formos agindo. Muitos receberão passagens só de
ida, cientes de que nunca voltarão a ver seus amados na China.
Sabemos também que Volta a Jerusalém exigirá muitos recursos financeiros, mas,
embora nossas igrejas sejam muito pobres, já conseguimos levantar dezenas de milhares
de dólares para sustentar nossos missionários. A semelhança da igreja da Macedônia,
muitos crentes chineses deram literalmente tudo que tinham: "No meio de muita prova
de tribulação, manifestaram abundância de alegria, e a profunda pobreza deles
superabundou em grande riqueza da sua generosidade. Porque eles, testemunho eu, na
medida de suas posses e mesmo acima delas, se mostraram voluntários" (2 Co 8.2,3).
A igreja chinesa está disposta a pagar o preço.
Desde a minha fuga da China, em 1997, sou responsável pelo treinamento dos
missionários e pela implementação do Volta a Jerusalém.
Em março de 2000, o primeiro grupo de missionários partiu da China. Eram 39.
Destes, 36 foram presos. Entretanto eles não perderam a visão. Voltaram para casa, oraram
e encontraram outro jeito de cruzar a fronteira.
Pouco mais de um ano depois, o número de missionários das igrejas domésticas
fora da China já havia passado de 400, espalhados por mais de dez países. As comportas
estão começando a se abrir.
Os missionários recebem treinamento em várias áreas, que incluem:
1. Como sofrer e morrer pelo Senhor. Estudamos o que a Bíblia revela sobre o
sofrimento e sobre como pessoas que serviam ao Senhor deram a vida pelo avanço do
evangelho durante toda a história.
2. Como testemunhar do Senhor. Ensinamos a falar do Senhor em todas as
circunstâncias, em trens ou ônibus, e até na traseira de um carro da polícia ou a caminho
do local de execução.
3. Como fugir pelo Senhor. Sabemos que algumas vezes Deus nos envia para a
prisão para pregarmos. Mas acreditamos também que em certas ocasiões o diabo quer
nos levar presos para deter o ministério que Deus nos chamou para realizar. Ensinamos
aos missionários habilidades especiais, como se libertar de algemas e pular do segundo
andar de um prédio sem se machucar.
Não estou falando aqui de um seminário "normal"!
Quem visita os locais de treinamento dos nossos missionários do Volta a
Jerusalém vê que levamos a sério o propósito de cumprir nosso destino em Deus.
Sempre é possível encontrar gente algemada pulando de janelas do segundo andar!
Nada menos que isso nos capacitará a quebrar as barreiras que separam
muçulmanos, hinduístas e budistas do conhecimento da doce presença de Jesus.
*****
Os presbíteros da Comunidade Sinim ficaram sabendo que Deus havia me retirado
de forma milagrosa da China. Imediatamente indicaram-me como "Representante Autorizado",
para falar em nome das igrejas domésticas por todo o mundo.
Em seguida, eles me enviaram a seguinte carta:
"Ao Irmão Yun, nosso irmão santo, companheiro chegado de Cristo, o Senhor,
homem cheio do Espírito do Poder de Deus:
"Você é como 'carros e cavaleiros de Israel' para Deus! Leva em você mesmo a
mensagem vitoriosa do reino de Cristo!
"Querido irmão, você foi enviado por Deus e pelo Comitê de Presbíteros Siním
das igrejas domésticas chinesas como nosso representante autorizado no exterior!
"Deus mostrou-lhe, seguindo a orientação e o senhorio dele, que a vida é a base, a
edificação da igreja é o centro, e o treinamento de obreiros, o ponto de ruptura das
linhas inimigas - o lugar estratégico de onde a expansão pode acontecer em todas as
direções, irradiando-se para todas as nações e povos do mundo, para que o solo que a
planta de seus pés pisar seja sua herança!
"Avance rumo aos muçulmanos, hinduístas e budistas na Europa, na América, na
África, na Australásia e na Ásia!
"Oramos para que o Senhor lhe dê sabedoria e poder do alto, para que suas
mensagens sejam cheias da autoridade do céu. Esse fogo, como aquele que Sansão
amarrou na cauda das raposas, arderá em todo lugar aonde você for.
"Que você cumpra a missão santa que Deus lhe deu, para levar o evangelho de
volta a Jerusalém, até que o último discípulo santo se una à igreja, e a noiva esteja
pronta para receber a volta do nosso Salvador Senhor Jesus Cristo, para que os reinos do
mundo se tornem propriedade do nosso Rei! Nosso alvo santo é que ele seja Rei para
sempre e sempre.
"Estamos prontos para trabalhar duramente com servos do Senhor de todo o
mundo, que sejam membros do seu Corpo. Desejamos servir com os dons espirituais
que recebemos, para que a missão santa de Deus seja realizada!
fonte: homem do céu


2 comentários:

  1. Paz amada,

    O seu blog é um despertar para todos nós, cristãos, para não esquecermos de orar, ajudar os missionários e propagar a Palavra do Senhor com mais intensidade. Parabéns!

    Grande abraço.
    Pra. Nana Van Vessen
    http://palavradevida.wordpress.com

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